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Notícia

Jovens de comunidade periférica do Recife tocarão para o Papa Leão

Jovens de comunidade periférica do Recife tocarão para o Papa Leão

Da vassoura ao violoncelo

A vassoura virou violoncelo. O lápis, arco. Assim nasceu a música no imaginário da pernambucana Callyandra Santos, que, aos 9 anos, entrou para a Orquestra Criança Cidadã em meio ao som dos tiros no bairro do Coque, uma das regiões mais violentas e estigmatizadas do Recife.

O projeto social, fundado em 2006, já atendeu mais de mil crianças e adolescentes.

 

Concerto pela Paz

Hoje, aos 17, Callyandra é uma das 11 selecionadas para integrar uma turnê internacional pela Ásia e Europa, ao lado de jovens de países em guerra, como palestinos e israelenses, ucranianos e russos.

 

A série de apresentações, chamada “Concerto pela Paz”, terá o seguinte roteiro:

- Seul (Coreia do Sul) – 30/09

- Hiroshima e Osaka (Japão) – 04 e 05/10

- Roma (Itália) – 07/10

- Vaticano – 08/10, para apresentação ao Papa

 

Nada foi em vão

A trajetória de Callyandra é marcada por desafios. Sua mãe, Sara Coutinho, de 47 anos, trabalha madrugadas em uma fábrica e só consegue acompanhar os ensaios durante o almoço. Para Sara, o projeto é uma oportunidade única: “Fico muito orgulhosa”.

O primo de Callyandra, Davi Andrade, também participante da orquestra, inspirou a menina e agora seguirá a carreira musical. Davi começou no projeto aos 7 anos e hoje é professor de música e estará na turnê.

 

Bach de encher os olhos

Callyandra emociona-se ao tocar a Suíte para violoncelo Nº 1, de Johann Sebastian Bach. Davi relembra que aprendeu violoncelo ainda muito pequeno, e que a música mudou sua história e da família.

A orquestra oferece formação não apenas musical, mas social, ensinando cidadania e promovendo solidariedade entre jovens de diferentes realidades.

 

Música de paz

Davi destaca que a música ajudou a estabelecer a paz entre jovens de diferentes facções no Coque. O projeto, criado pelo juiz João Targino, escolheu o bairro devido aos baixos índices de desenvolvimento humano e altos índices de violência.

O maestro José Renato Accioly enfatiza que a música tem linguagem universal e o repertório da turnê incluirá frevo, medleys brasileiros e peças internacionais.

 

Sotaque alemão

O contrabaixista Antonino Tertuliano, de 32 anos, também formado pelo projeto, hoje mora na Alemanha e integra a Niederbayerische Philharmonie Orchester. Ele reforça a importância do projeto como ferramenta de transformação social e profissional.

 

Cada vez mais próximos da música

Outros jovens, como Cleybson da Silva, Ana Clara Gomes e Pedro Martins, compartilham histórias de superação e dedicação à música, superando dificuldades financeiras e sociais, com apoio familiar e da orquestra.

A música transformou o Coque, trazendo oportunidades, esperança e um futuro promissor para jovens talentosos.