A raiva da população atinge Noboa em meio a crise nos combustíveis

O presidente do Equador, Daniel Noboa, saiu ileso após seu comboio ser atacado por manifestantes nesta terça-feira, durante a inauguração de uma estação de tratamento de água. Segundo autoridades, pedras foram atiradas contra o veículo presidencial e, de acordo com um ministro, também houve disparos de arma de fogo. Cerca de 500 pessoas teriam participado do ataque, que resultou na prisão de cinco manifestantes, processados por terrorismo, crime que pode levar a pena de até 30 anos.
Vídeos divulgados pelo governo mostram manifestantes bloqueando a estrada, recolhendo pedras e tijolos, enquanto o SUV blindado de Noboa passava. É possível ouvir uma voz gritando “Cabeças abaixadas!” enquanto o veículo acelerava para escapar do ataque. Em resposta à radicalização dos protestos indígenas, Noboa decretou estado de exceção em dez das 24 províncias do país. As manifestações, motivadas pelo aumento do preço dos combustíveis, já deixaram cerca de 150 feridos e 100 detidos, segundo autoridades e organizações não governamentais.
O episódio também envolveu a expulsão do jornalista espanhol Bernat-Lautaro Bidegain, que cobria os protestos e foi considerado uma ameaça à segurança nacional pelo governo equatoriano. Organizações de direitos humanos denunciaram violações ao devido processo legal no caso.
O contexto de insegurança no Equador tem se agravado nos últimos anos, com o país se tornando um importante corredor para o narcotráfico, disputado por gangues internacionais. Estima-se que 70% da cocaína mundial passe pelo território equatoriano. Diante desse cenário, Noboa defende a realização de um referendo para permitir o retorno de tropas dos Estados Unidos ao país, revertendo a proibição de bases estrangeiras imposta em 2009.